quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Muros de Vento (again)

Por Jordan Campos

Esta poesia faz parte do prefácio de meu primeiro livro que leva o nome da poesia e que também é o nome de minha antiga e saudosa banda de pop/rock que rodou este imenso Brasil no final da década de 90 do século passado.


Com quantas nuvens se faz um sonho?
Com quantos pesadelos se reza para dormir?
Com quantas gotas se fica em pranto?
Com quantas piadas se morre de rir?
Com quantos silêncios se diz adeus?
Com quantas quedas chama-se Deus?
Com quantos nãos deve-se acreditar mais ainda?
Com quantos sins, decifrar a mentira?
Com quantos beijos deve-se casar?
Com quantas noites bem dormidas se separar?
Com quantas poesias se faz uma canção?
Ou em quantas canções cabe a minha poesia?

Até quando vamos ficar esperando o domingo chegar
Para consolar os doentes, visitar os carentes e enfim perdoar?
Ficamos sempre esperando o limite chegar,
A bateria acabar, o feriado começar ... o mundo mudar.
Em quantas vidas vive-se de verdade?
Em quantos anos aproveita-se um dia?
Em quantas horas aproveita-se um segundo?
E se este segundo tivesse um preço?
E se de repente eu não pudesse pagar?
Quem me emprestaria a prazo?
Pra depois pagar respondendo os segredos.
Apenas contando os meus.

Onde estão os culpados, seus cães e capachos?
Onde estão os inocentes, escondidos ou trancados?
Onde vende-se o remédio para esta dor?
Onde fica o endereço da Farmácia da alma?
Quantas horas a mais eu devo ficar aqui?
Meu lugar é aí:
No esconderijo ultra-secreto guardado a sete chaves
Num lugar chamado Cidade dos Muros de Vento.

...

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