quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Diálogos Febris


 Por Jordan Campos

Uma voz o acordou de repente no meio da febre:

- Poeta, Poeta... Vê se não some, sei que por ser poeta às vezes a solidão se faz presente, que afagos quaisquer não dão conta de aquecer seu coração, sei de tua lacuna adquirida.
Estava escuro por demais e o poeta apenas balbuciou: - Amada, volte! Por onde você foi parar?
A voz respondeu: - Ah, o poeta está com frio da febre de amar e delira?
- Sim, sim... – respondeu o poeta apalpando as têmporas a ver se a febre controlou – como tu sabes de mim, Voz?



- Amor de Poeta é forte e cheio de trejeito – disse ela num tom certeiro - O cuidado se faz necessário sempre, mas posso tentar tramar em reconciliá-lo com sua amada, assim queres?
- Faria isso por mim? – Perguntou o poeta.
- O que não faria por ti, para te trazer de volta à alegria completa, para simplesmente estando alegre me alegrar também, ao ver o mundo pela tua janela? Vou até ela esta noite em sonho – prosseguiu a voz - Dizer que houve um engano da tua parte e da parte dela, nem sempre o momento é adequado para se fazer confidências de uma parte e exageros de outra.

- Sim, entendo-te Voz – disse o poeta pouco ligando se era delírio ou figura tangível - É que talvez isso tenha acontecido isso porque está chovendo muito, a cama muito grande, o ar condicionado faz um barulhinho irritante, os biscoitos não estavam tão crocantes,e para piorar do meu humor o gás da coca-cola não fazia borbulhar... O que falará então em sonho para a Amada?
- Direi num grito no limite: Amada, volte! O poeta não é ninguém sem teus afagos, fica jogado pelos cantos como um qualquer, o pior Amada é quando ele resolve gritar sua revolta porque não consegue tê-la nos braços. Amada volte, volte onde quer que se encontre, ele espera ver aquela mulher voltando...!!! Ele parece que percebeu o contrapasso, espera Amada! Ele precisa tanto te amar, que acaba fazendo estas confusões. Justamente quando tão confusa está. Oh, parafuso sendo batido com prego.

- Oh, Voz. Entende-me então! Falo por vezes coisas apressadamente, às vezes seguro forte no braço dela quando na verdade queria só apertá-la bem próximo a meu corpo e não deixá-la ir, mas tão inflada fica que nada entende.
- Sim, poeta. Gênios fortes. Mas não se esqueça da Crise da Cura!!! A melhor forma de matar uma doença é deixá-la morrer de fome. E você pode ajudar a fazer isso. Direi isso a ela e também que às vezes você corre e te vejo a pegar papel e caneta porque acredita que escrevendo, melhor vai dizer: Amo-Te, sem interrupções. Amada, falarei em tom brando, o Poeta é assim mesmo, ama e pronto, quer tanto você por perto.
- Voz, querida. Precisamos eu e a Amada rir um pouco dos desacertos da vida, a verdade é essa. E creia-me que nada há de mais lindo que o sorriso dela. A febre minha parece ser dela.
- É um tempo de bicudos, e bicudos são. Volta a dormir que levarei nossa mensagem. Sim, você migrou a febre dela para ti, mas amanhã será outro dia.

E assim o poeta dormiu.
E assim a Voz se foi cumpri uma missão.
E assim a amada haverá de escutar.

3 comentários:

  1. Parabéns querido terapeuta, sua inspiração é realmente divina.O texto é antes de tudo uma linda declaração de amor a vida e as pessoas.Muita PAZ!bjs.

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  2. Lindo, poeta...mais lindo ainda o amor pela Amada...

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  3. Otimismo, charme, esperança são algumas das características que detectamos no texto, além de um convite para refletirmos sobre a essência do AMOR!muita PAZ!bjs.

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