quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Efeito Rubens Barrichello – Pare e reflita!

por Jordan Campos

Acho interessante o modo como agimos em relação ao piloto Rubens Barrichello, o Rubinho, ou ‘Pé de Chinelo’... Ou qualquer outro apelido medonho que possamos o chamar.
Realmente ele não é um Senna, isso é fato. Ele é o típico trabalhador, operário de sua causa. Incansável na sua busca pela felicidade e pelo tão sonhado título – é o piloto mais velho na Fórmula 1, hoje. É um padrão meio azarado, que quando tudo está ao seu alcance ‘forças ocultas’ o desviam. Ou pior, quando tem em mãos o cargo desejado, um colega de trabalho (o Shumacher) é o queridinho da escuderia e ele fica em segundo plano. Realmente meus amigos, ele não é o Senna. Que ganhou muito, emocionou nossos domingos com vitórias e tragédia. Que tinha uma facilidade maravilhosa de ganhar e ganhar.

Sabe por que o Rubinho recebe tantas críticas? É humilhado pela imprensa e está no nosso consciente coletivo como o ‘perdedor’? Simplesmente porque ele é a nossa cara. A cara do brasileiro. Que rala, rala... Mas tem um chefão que manda no final, ou um colega privilegiado que te tira do sério. Que não pode desistir, que sonha em uma dia mudar a vida e conquistar o sonho interno, que luta além das forças. Que quando consegue uma rara vitória, samba e fica bobão. O Rubinho é um belo espelho do brasileiro. E por isso a repulsa, porque costumamos nos incomodar com aquilo que nos lembra a nós mesmos. Reagimos com desprezo, pois é difícil conviver com nossa própria imagem refletida. Nossos erros, limitações, lutas... Costumamos criticar no outro nossos próprios defeitos e limitações. Culpamos o próximo para fazer ecoar em nossa alma. Criticamos para subliminarmente tentarmos criticar a nós mesmos. Detestamos os iguais, pois eles nos mostram como somos.

O Senna é o sonho, o ‘impossível’... E adoramos nos enganar e ter heróis que sustentem a nossa apatia, ou que sirva de consolo para nosso lado Rubinho. Queremos ganhar sempre, ser brilhantes ao extremo, mas ganhar às vezes, como o Rubinho faz não vale. O efeito final disto tudo é o crescente distúrbio da inadequação, da ansiedade, do pânico e da depressão. Rejeitamos a nossa própria estrutura e criamos uma sobrestrutura recheada de ego, egoísta, para fingir que somos o que não somos.

Uma cebola com cascas de Senna, mas com miolo de Rubens Barrichello.

5 comentários:

  1. Jordan,


    Muito boa essa reflexão. Com relação ao chefão concordo inteiramente porque ainda vivemos o "manda quem pode,obedece quem tem juízo" e particularmente na minha área algo que está cada vez mais crescente e que as empresas fazem vistas grossas é o Assédio Moral,que leva o funcionario ao constrangimento,a tristeza,a depressão...Fazemos piada de tudo,rimos de nossa propria desgraça.Adoro humor,desde que bem feito e criativo,que menospreze ninguém.Para tanto,visando agregar a sua reflexão tomei a liberdade de inserir um texto(http://irmaosdeluz.blogspot.com/2009/08/o-brasileiro-e-o-humor.html) que tambem escrevi ha pouco tempo e alguns talvez aqui nao viram. Grande abraço,

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  2. Excelente reflexão, amigo! Realmente é muito difícil digerir quem somos, talvez pelo medo de descobrirmos que temos que mudar, ou, pior, pelo receio de não conseguirmos... Bjssss

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  3. Rubinho um reflexo de nós mesmos, muito boa reflexão.Pensar em fracassos e derrotas é sempre mais cômodo quando o outro é a "vítima do processo".Ser espelho é mais difícil.Muita PAZ!

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  4. Não sei, mas acho que você colocou Rubinho numa condição muito favorável. Ele tem muitas oportunidades, não sabe aproveitá-las: esteve na melhor escuderia, agora tem o melhor carro, enfim, acho que ele não soube fazer a hora ainda, pois é frouxo, um filhinho da mamãe. O brasileiro comum luta, busca, procura, se atira e, quando tem uma chance, agarra, mesmo sem unhas.
    Abraços

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